PUBLICAÇÃO EM DESTAQUE

EUTANÁSIA PARA A CRIANÇA MORIBUNDA      Para entender este caso é necessário em primeiro lugar perceber o que é a eutanásia. Eutanásia visa ...

REFLEXÃO CRÍTICA O DESENFLORAR O CRAVO

Se me permitem, no meu entender não estou contra a comemoração do 25 de Abril mesmo em situação de confinamento devido a uma certa pandemia.
O que eu refuto é a incongruência de todos que defendem comemorar o 25 de Abril, sabendo que os mesmos têm vindo a violar o verdadeiro significado de Democracia que o 25 de Abril tem no seu ADN Identidade.

Peço que os mesmos reflictem no contexto em que estamos perante uma questão de governação do que de democracia global, tão defendida pelos mesmos.
Porque a dita “democracia” é conotada à sua própria dimensão de Estado ligada ao conceito de governo. No entanto, a ideia de governo permanece essencial ou exclusivamente aceite ao nível do Estado, não a nível global.
Porquê esse interesse em violar o verdadeiro conceito de Democracia?
De facto, a nível global, age-se com o teorema: "governação sem governo".
A realidade contemporânea, defendida pelos mesmos, parece caracterizar-se por uma espécie de distribuição de papéis entre o global e o local, isto é, uma governação que contribui para uma certa ordem a nível global e uma ordem democrática sistémica ao nível dos Estados sendo esta um discurso de autoridade baseado na suposta experiência dos cientistas sociais.
A governação sistémica usa a linguagem da democracia radical sem compreender o seu espírito. Incentiva uma maior participação através das redes porque, aos olhos de novos institucionalistas, as redes são prestadoras de serviços mais eficientes na ideologia do silêncio cúmplice. Favorece uma utilização mais sistemática da consulta porque, aos olhos dos defensores do comunitarismo, o consenso é essencial para a criação de instituições políticas eficazes na obediência do teorema: "governação sem governo".
Sou uma defensora da democracia onde se colocam maior ênfase na noção de cidadania autogerida. Em vez de integrarem grupos formados em redes, há que promover o pluralismo em que elementos de governação são transferidos para organizações da sociedade civil.
Num processo de consulta que se realiza antes da tomada de decisões, preferindo o estabelecimento de um diálogo através do qual os cidadãos desempenham-se um papel activo no desenvolvimento e na implementação das políticas públicas.


Evelyn MC

2 comentários:

  1. Olá Evelyn! Venho só comentar parte do teu primeiro parágrafo onde referes, «o verdadeiro significado de democracia que o 25 de Abril tem no seu ADN».

    Para uma reflexão exaustiva, teríamos que procurar nos percursores do MFA actos individuais ou colectivos de cariz democrático, susceptíveis de enformar o movimento com a preocupação democrática, talvez em vista à salvaguarda do Interesse Público e do Bem Comum.
    Acompanhei esse período histórico, primeiro na Guiné onde cumpri a comissão militar, e depois em Angola onde trabalhei numa empresa mineira. Nesses períodos que perfizeram quase cinco anos, assinei o famoso jornal cor-de-rosa de oposição ao regime, e li revistas consagradas como A Vida Mundial, e por vezes a Análise Social, títulos que me davam indicações sobre a actualidade, e nunca vi citações sobre tendências democráticas dos mentores do golpe. Pelo contrário, pelos contactos que tive, atribuo aquela decisão aos novos ventos do «Maio/68» que inspiraram a revolução feminina, que passou a garantir empregos que antes eram quase exclusivos dos homens, iniciou as lutas de salários iguais para trabalhos iguais, e sobretudo, inspirou as novas indumentárias de afirmação feminina, como a mini-saia e o biquini. Parece absurdo, mas causava incómodos aos jovens maridos mobilizados, agravados por dichotes soezes acerca da vida alheia, que alguns militares não evitavam e afectavam o moral colectivo.
    Portanto, sobre os antecedentes parece ter deixado um retrato miserável. Segue-se o durante e o depois.
    Para ser sintético, digo-te que o durante constituíu uma confusão brutal, onde a luta pelo poder aparecia com tonalidades políticas e vaidosas, que só aumentaram o desprestígio das Forças Armadas, além de terem contribuído em muito para o manicómio de insubordinações e despesas que levaram o País à condição de pedinte, que ainda perdura, embora para satisfazer caprichos alheios à vontade popular.
    E assim chegámos à fase do depois, quando a tropa foi posta na ordem pela facção apoiada pelo ocidente, evitando a influência do Pacto de Varsóvia cá mo torrão. O que aconteceu é do conhecimento geral. Houve negociações entre militares e estadistas, algumas tuteladas pelo poder da Nato, que permitiram a organização de eleições com participação da esquerda mais activa, do que resultou um regime aparentemente democrático, mas cada vez mais diminuído de afirmação em resultado de dois factores principais: a perda da soberania pela adesão à CEE, e o crescente endividamento externo que chegou a uma situação extremamente difícil de resolver, ainda para mais para quem deixou de ser exportador, e passou a ser altamente dependente das importações. É o absurdo.
    Quero pedir-te desculpa pela intromissão, mas parecia-me necessário um breve esclarecimento.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. JOD, desde já os meus sinceros agradecimentos por se ter exprimido e subscrevo o que diz.

      Eliminar