A SUPREMACIA DE TODO MERCADO
E A POLÍTICA DE MENOS ESTADO
O consenso de Washington foi reelaborado nos anos 80 e instaura a
regra mundial, a supremacia de todo mercado e a política de menos
Estado, alegando que é a melhor terapêutica para os problemas
económicos, financeiros e sociais dos países em desenvolvimento. Ou
seja, desencadear as reformas liberais, nomeadamente, privatizações,
a liberalização comercial, mercado de capitais, austeridade fiscal,
abolição de subsídios públicos para um público-alvo escolhido e
outros, por instituições, nacionais e internacionais sem questionar
a sua relevância ou sua base teórica, a não ser, colocar seus
discursos em panoramas, enfatizando a necessidade de "boa
governação" interna.
Perante os resultados das reformas constata-se a desaceleração do
crescimento, os desequilíbrios macroeconómicos absolutos e o
agravamento das desigualdades sociais.
De facto, o advento da globalização, vinca com base em um simples
sistema interestadual, logo a impossibilidade de considerar a
organização e o desenvolvimento de mercados interativos.
A questão surge então, se a governação económica global não é
redutível à regulação exclusiva e soberana dos Estados, mas sim a
um sistema “legítimo” intermediário entre o Estado e o mercado
para com a necessidade de uma estrutura organizacional para regular
uma economia globalizada, será que defende ser o sistema regulatório
para um desenvolvimento harmonioso da economia global e da sociedade?
Essa questão nos leva a analisar os principais elementos dos
resultados que levanta em torno da questão do desenvolvimento.
Conforme os resultados reais, o sistema de governação global é uma
legitimação "sem sentido" num quadro jurídico e
institucional, cujos objectivos dados não concretizam a necessidade
de um novo desenvolvimento da economia e da sociedade, no âmbito
mundial.
A Verdade oculta do sistema de governação global, sob um modo
organizacional, consiste em privilegiar os interesses de economias
poderosas, sobretudo os Estados Unidos da América em primeiro, e a
incorporar a supremacia dos poderes de decisões das empresas
multinacionais e mercados financeiros, as mais poderosas na OMC.
Para isso, criaram a homogeneização “política”, graças ao
advento da chamada “democracia” liberal, o que facilita a
disseminação desse sistema de governação que constitui uma
espécie de traição à Geopolítica.
Como podemos exercer, através de uma variedade de regulamentos, um
conjunto de funções que, são de responsabilidade dos governos
nacionais?
Creio que consiste em demonstrar que, embora a governação global
possa parecer teoricamente e logicamente legítima, na verdade, está
longe de ter alcançado o objectivo final de uma performance global.
Porque de facto, por trás dessa ineficiência, encontram-se
múltiplos problemas de disfunção que despoletam em uma crise de
legitimidade dos objectivos do sistema de governação global, ela
mesma ligada a uma crise de legitimidade das acções preconizadas e
dos actores envolvidos em processos de tomada de decisão.
Defendo que é imprescindível destacar as deficiências da
governação global, que até agora parecem nos distanciar da visão
de desenvolvimento harmonizado.
Creio que a partir daí surgem os impreteríveis factores de uma
pragmática reflexão, em torno da renovação do papel do Estado na
promoção do desenvolvimento constructivo e evolutivo, tanto do seu
mercado, como do mercado internacional.
Para isso há que aprofundar as lógicas da governação global e,
focar o retorno imprescindível das políticas económicas
proactivas, enquadradas no raciocínio económico ancorado na
economia nacional como um espaço privilegiado para a formação de
capital, realização de lucros e redistribuição de rendimentos.
A falta de supervisão efectiva das actividades das empresas
internacionais reduz os efeitos de interacção nas atividades
locais, dificulta o investimento, empobrece estruturas de produção
local e torna a economia ainda mais dependente de recursos externos e
mais vulnerável a flutuações nos mercados globais.
Não existe Governo porque este se tornou na célula de execução da
política da governação mundial e alega que esta política se
enquadra na noção do interesse nacional, o que é falso demonstrado
nas inúmeras provas reais.
Relembro-vos que os “governos” têm vindo a aplicar o acordo AGCS
- Acordo Geral de Comércio de Serviços -, a que os Estados membros
da OMC – Organização Mundial do Comércio - aderiram em 1994. ,
é um dos tratados resultantes da Uruguay Round que prevê a
liberalização dos serviços em todos os sectores, excepto aqueles
intimamente ligados ao exercício da “soberania” de texto, tais
como a Justiça, o Exército, a Ordem Pública e a Administração
Interna.
Em resumo, a Educação, a Saúde, os Transportes, a Energia e outros
estão integrados aos mecanismos e decisões da OMC e devem estar
sujeitos às leis de mercado.
Se reflectirem, constatarão que a política de privatização de
serviços responde a essa lógica de desmantelamento do Estado
social, bem como,
a natureza pública da educação está sendo usada como uma forma de
dumping diante de estruturas educacionais privadas não subsidiadas.
De facto, hoje, o Estado não é mais o mesmo actor soberano,
unificado, que compartilha a iniciativa de sua política interna e
externa com outros actores internacionais, porque o Estado está
sendo despojado de uma parcela cada vez maior de sua autonomia de
tomada de decisão a nível nacional, a ponto de que, à medida que
este processo é alargado, vinca-se a regra nociva: Governar sem
Governo.
Hoje, as ações das instituições internacionais, os principais
actores do sistema de governança global, são muitas vezes
denunciadas porque são cada vez menos convincentes de uma
credibilidade.
Evelyn
de Moraes e Castro
Estratega
de Mercados e Política
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